16 de jul. de 2008

Desembarque

Um adotivo caminha
pela sisuda cidade,
desnaturada Medéia.
Capital do impreciso traço,
do passo ritmado,
da perda do siso.

Observa a selva.
Urbe medusamente
esparramada,
de peças mal encaixadas.

Um olhar furtivo
pousa nos bicos dos seios
da catedral da Sé,
que amamentam sonhos tísicos.
Picos que perfuram neblinas,
ozônios, garoas.

Adentra a esquisofrenia:
muitas vozes,
muitas máquinas
escarram flores carbônicas.

Ela, cinza, concretiza
um solo árido.
Um útero
teimosamente semeado.