27 de abr. de 2010

Operária

Em tua cútis,
o que aveluda?
O que muda tonalidades?
O pó não é de arroz,
é de ferro.
Restos de produção,
fina camada maquiada
de cansaço.

Em tua carne operária
despida de ferramentas
é fim de turno.

Em tua boca
sorvo o sono
e o café.

Mordo o músculo
laboral.
O lábio.
Tua tão prima matéria.
Teu insumo.

Engrenamos
entre fluidos lubrificantes.

E o que se produz
neste instante
é inalienável.

16 comentários:

Anônimo disse...

Lindo e duro!

Bom encontrar poemas assim na rede...

Um abraço!
F.T

Higiene Mental disse...

E fluímos
entre engrenagens dilacerantes.

Anônimo disse...

Yara,

O que muda?
Disso sabia-o Maiacovski, Brecht, e,
à sua maneira, João Cabral.
Seu poema é belíssimo!
Parabéns!!

maria

J.F. de Souza disse...

um poema que mistura os 2 temas mais recorrentes da tua poesia! oraora... gostei disso! :)

:*

leila saads disse...

Gostei da metáfora das engrenagens, ficou muito boa.

Mas gostei ainda mais dos versos "o pó não é de arroz/ é de ferro",literalmente traz uma visão forte da labuta proletária, metaforicamente traz tantas coisas que cabem em muitos outros poemas e temas. Ficou boa mesmo essa sacação!

Beijos!

Rafael J. Albuquerque disse...

Tenho nada para dizer além de: magnífico!

Blog do Akira disse...

Yara Beatrice

Estou passando novamente por tua casa de poemas impecáveis e essenciais. Sinto-me um elefante numa loja de louças mas dá vontade de ficar para sempre.

Um abraço do Akira.

Jeferson Cardoso disse...

Yara, pensei em uma maneira de falar e homenagear a todos que tanto vêm me incentivando com o carinho e apoio que me doam.
Escrevi uma crônica pensando em nós blogueiros. Falei sobre o que penso ser o blog para nós. Você pode concordar ou discordar; pode também acrescentar; mas não deixe de opinar. Leia e entenderá por que a sua opinião é indispensável para mim e para todos blogueiros.

Abraço do Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

Anônimo disse...

Bela poesia...
Bela poeta.

João disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João disse...

Um grande pensador e um homem com impecável senso prático, chamado Leon Trotski, disse certas verdades das quais é complicado se esquivar atualmente. Falou, por exemplo, que a democracia nos países atrasados, como o nosso, teria dificuldade de existir de modo minimamente estável, em seus aspectos mais formais. Coisa distinta não se vê nas sórdidas relaçoes de favor imorais acordos que são feitos na política, aqui no Brasil. Mas ele também falou sobre a arte, quando afirmou que as condições mínimas para a existência de grandes artistas tornar-se-iam cada vez mais difíceis, ou senão impossíveis, num futuro próximo que ele antevia, logo ali adiante, hoje? Outros também concordaram. Como aquele alemão, Adorno, que afirmou seria impossível escrever um poema após os processos de Auchits e os processos de Moscou. Não sei se concordo imediatamente com estas afirmações. Mesmo porque não foram ditas para serem aceitas de imediato. A dificuldade de fazer poesia existe atualmente, mas não como uma lei mecânica, uma barreira física que impede um homem de sentar-se numa cadeira e fazer rimas. Talvez seja assim amanhã, com a barbárie que se insunua (dentro de nós).
Nesse sentido, eu creio na possibilidade da poesia, desde que ela exista consciente de si, sabendo que o mundo lhe renega. Um poeta crítico não é necessariamente ruim, pode ser até lírico, lírico... lírico como Mario Quinatana, que nem este seu poema. Nossa condição é tragicamente lírica. Um bordão brechtiano. E sua poesia, de mulher, faz lembrar que ainda é possível ser leve, e sonhar muito, sonhar com as condições para sonhar mais. Parabéns.

*** Cris *** disse...

Dolorido, mas intenso.
Bjs!

Anônimo disse...

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Moua disse...

Aiiii...vc tá ficando boa demais nisso.
Faz poesia do asfalto
Faz poesia do Ferro
Faz poesia da dor
e até da alegria....

gente Fina disse...

mto boa!!!