11 de ago. de 2010

No Enquanto

Beatriz presa
na geografia quântica
do Enquanto.
O corpo paira
no espaço-tempo.
Beatriz presa no purgatório.

Beatriz no mar,
cúmplice do sal.
Permitiu que o vento se esvaísse
na fresta entre dunas.

Mas não.
Beatriz não fica em banho maria.
Ela ferve ou congela
ao menor toque.
Beatriz não ameniza.
Alquímica e empírica,
ela cura a seu modo as feridas.
É dessas que passeia na chuva
e só bebe o que for intenso.
Beatriz condensa.
Eutanásica,
recusa o coma, a sobrevida.
Rejeita médias aritméticas,
meios termos.

Beatriz
presa no purgatório,
a libido no limbo.
Diabólica, fabulística,
aprende a moral da história.
Recua.
O paraíso não existe.

Beatriz no triz da carne
recusa a prisão.
De dentro do Enquanto, fez-se o pranto
e ela não mais quis.
Mergulhou
tão abissal
no verso.
Nunca mais voltou.
Desenquantou-se.

2 comentários:

Pinky disse...

O desenquanto parece-me desencanto...
:(

Cel Bentin disse...

na veia alta. delícia esse texto. senti beatriz agridoce. e corrente.