15 de jul. de 2010

Concreto

Gosto da poesia
que nasce na casca do pão,
que rompe esparramando
migalhas de aroma na mesa
antes mesmo de nascer o sol.

Gosto da poesia guardanápica,
de gosto alcoólico,
soluçada no bar.
O verso exalado das camas,
nas cores vivas das vulvas.
Poesia pornodatilográfica:
filha das Olivettis.

Gosto da poesia que salta
dos calos dos dedos,
rascunhada no papel sujo
de suor e graxa.
Poesia que dói
as sedes humanas.

A poesia que nasce
suja de líquido amniótico,
que grita o parto,
que escandaliza.

Isso sim, é poesia concreta.

9 comentários:

J.F. de Souza disse...

as paredes ressoam
os nossos ais

é concreto
vivo
-----------------------------

Lindo, Yara qrida! =D

=*

Cel Bentin disse...

rs

fecho de nó em arame na veia do que se pensa armado. e concreto.
(afinal, concreto é o que me cabe nas mãos, e não sossega!

Anônimo disse...

o que dizer?
eu tb gosto.

Anônimo disse...

Lindo, à propósito.

Pinky disse...

A
b
a
i
x
o
os concretistas!!!

Remo Saraiva disse...

Em poema recente eu falo algo sobre "palavras concretas". Feliz coincidência.

Bjs,
REMO.

Jorge Manuel Brasil Mesquita disse...

Poesia que doi/as sedes humanas é a poesia parida no útero da Humanidade.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa,26/07/2010
etpluribusepitaphius.blogspot.com

Anônimo disse...

Lindo poema!
Linda concepção da poesia!
bjs.

Lee disse...

essa sim é poesia que incendeia o país.